domingo, 5 de julho de 2009

Crítica: CéU - Vagarosa (2009)


Conheci CéU (não ela, mas sua música), assistindo num domingo perdido desses à sua apresentação no programa Bem Brasil, da Cultura. De lá pra cá, cada nova coisa que encontro a respeito dessa tal Maria do Céu são elogios derramados e, às vezes um ou outro suspiro “ah, Céu”! Não, eu não vou destoar disso. Seu novo álbum, Vagarosa, mostra a mesma disposição, ecletismo, talento e, por que não dizê-lo, sensualidade do super notado, comentado, premiado, babado, suspirado álbum homônimo de estréia de 2005. Dizem que toda unanimidade é burra, entretanto, quando até um Caetano Veloso vira pra dizer que a moça é “o futuro da MPB”, aí tem! Já tinha ouvido falar dela ainda antes de ver o Bem Brasil, mas naquele dia quando o Wandi gritou “CéU, palcooo”, exclamei que “ah, essa é a tal da CéU?!” e adorei o que vi! Infelizmente não conheci antes de sua apresentação aqui em THE, durante o Circuito Cultural Banco do Brasil.

Vagarosa já havia sido antecipado pelo ótimo EP Cangote, abre com uma vinhetinha gostosa à voz e cavaquinho, Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso, seguida sem pausa de Cangote, já presente no EP de mesmo nome, essa, diferente da vinheta que a precede, carrega a mão nos detalhes eletrônicos e efeitos na voz, tem umas três ou quatro CéUs cantando. Comadi chega, mas sem empolgar, talvez numa nova audição. Bubuia decola com as participações de Thalma de Freitas e Anelis Assumpção e é seguida dos metais e baixo excelentes de Nascente. Grains de Beauté é tão sugestiva quanto seu título, uma legítima música pra cantoras, daquelas fecho os olhos e vou pro inferno (ou céu, dependendo de como seja seu paraíso). Vira Lata é meio bossa, meio samba, toda brasileira, um sambinha todo despretencioso e calmo (participação do mestre Luiz Melodia). Papa, não se leve a sério demais, adverte a moça... nada demais. Depois vem a bonitinha Ponteiro, que parece musica infantil. E O Cordão da Insônia vem com uma pegada reggae muito boa. Rosa Menina Rosa é uma ótima releitura pro Jorge Ben. Sonâmulo tem um refrão pegajoso e um instrumental trabalhadíssimo, com camadas e mais camadas de vocais cheios de ecos. E ao fim, CéU nos abduz em sua, linda, Espaçonave, carregada da sonoridade MPB'70s.

As sonoridades da MPB da década de setenta vêm fortes em Vagarosa. CéU não é uma cantora incrível como a Vanessa da Mata com seus agudos absurdos, mas canta de um jeito todo particular, sussurrando, como se estivesse de fato no céu e tentando te levar pro inferno (em tempo, na faixa O Inferno do excelente Fome de Tudo da Nação Zumbi, ela tenta também, nominalmente, e leva!) incrivelmente lasciva. Canta como se fosse tão bonita quanto realmente é! Fica a dica, CéU, seja lá em que disco for, é pra os “melhores momentos”, if you know what I mean. Como Vanessa, é uma excelente compositora acompanhada de músicos extremamente competentes e com arranjos ricos e “bem sacados”. O disco é tão bem produzido quanto seu predecessor e vai sim cativar àqueles que gostaram deste. Fica a dica!

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