Tenho muito medo do que ocorre com minha geração. Nossos pais e mães, e seus pais e seus avós souberam e fizeram, mas nós, nossa geração, não sabemos nos dar ao outro. Hoje, as pessoas tem medo de se entregar, tem medo de… sei lá do quê! As pessoas hoje, não sabem amar verdadeiramente, não sabem doar-se a uma pessoa, uma causa, um credo, um ponto de vista ou o que seja. Qualquer coisa que não seja sua individualidade mesquinha.
A tristeza daqueles que não o sabem ou percebem, reside não na sua mesquinhez, mas na sua cegueira em perceber que não há individualidade plena ou completude verdadeira sem a segurança da entrega. Teme-se parecer fraco ao dizer “sou teu”, ao pedir ajuda. Ao oferecer-se à ajuda. Teme-se dizer “estou aqui para te dar suporte, conte comigo”. Mas essa é justamente nossa maior força! Aquela que nos deveria mover.
Quando estive em Campina Grande e tive a oportunidade de cantar (Madrigal da UFPI) num mosteiro da ordem das Irmãs Clarissas e me chocou (de uma forma boa) a maneira como aquelas mulheres vivem. Não sei se todos os que lá estiveram captaram da mesma maneira que eu, mas… que exemplo, e que força tem aquelas mulheres! Lá elas vivem completamente isoladas do mundo, dedicada exclusivamente à contemplação do divino. Imersas em seus afazeres e preces assistiram-nos através de grades.
Isto é algo muito raro de se ver hoje. São moças jovens e bonitas, que poderiam estar por aí fazendo qualquer coisa que quisessem, mas abdicaram disso em função de algo que é maior que elas mesmas: sua fé! Entregaram-se por completo à sua crença. Isso é algo muito bonito de se ver e que não se vê em qualquer lugar, mas é algo que passa despercebido muitas vezes. Alguém pode dizer que essas mulheres são fracas por se entregarem assim? Não, não são. Aliás, é um absurdo pensar isso, pois estas mulheres são infinitamente mais fortes do que qualquer um de nós que esteja aqui fora… “livres”. Quem é verdadeiramente livre? Não estou aqui entrando no mérito da fé católica ou seja lá qual for, mas no de entregar-se a alguma coisa, corpo e alma. Fechar os olhos segurar à mão do outro e ir, sem reservas ou rodeios.
Recentemente, um casal de amigos meus casou-se (de fato), juntou suas trouxas e se mandou pra outro estado. Estava nos planos dela há muitos anos, plano esse que nunca havia sido posto em prática por falta de oportunidades. Depois que se conheceram (e não foi há muito), apoiados um no outro criaram coragem e tiveram força pra simplesmente ir, cara e coragem! Hoje encontram-se muito bem, obrigado, felizes, realizados e pensando nos próximos passos.
Às vezes, temos de abrir mão de algumas coisas gente, por outras coisas, outras pessoas, outras causas. Abrir concessões, deixar passar. Isso não nos torna fracos ou vulneráveis, não nos tira a liberdade ou nos tolhe de escolhas. Saber doar-se só nos engrandece e fortalece, nos faz mais humanos. Talvez por isso hoje as pessoas não saibam casar-se, não se entregam, não aceitam, não compreendem, não se rendem, não consentem...
Ver pessoas que conseguem fazer essas coisas, sempre renova a confiança de todos na espécie. Espero um dia chegar ao nível de entrega conseguido por uma clarissa e espero que todos que entendam esse texto consigam. Eu morrerei tentando!
RENDA-SE
PS: O casal da foto, certamente não chegou até aí tentando parecerem individualmente fortes. Imagine quantas brigas, quantas concessões... (foto por Adam Cohn)
A tristeza daqueles que não o sabem ou percebem, reside não na sua mesquinhez, mas na sua cegueira em perceber que não há individualidade plena ou completude verdadeira sem a segurança da entrega. Teme-se parecer fraco ao dizer “sou teu”, ao pedir ajuda. Ao oferecer-se à ajuda. Teme-se dizer “estou aqui para te dar suporte, conte comigo”. Mas essa é justamente nossa maior força! Aquela que nos deveria mover.
Quando estive em Campina Grande e tive a oportunidade de cantar (Madrigal da UFPI) num mosteiro da ordem das Irmãs Clarissas e me chocou (de uma forma boa) a maneira como aquelas mulheres vivem. Não sei se todos os que lá estiveram captaram da mesma maneira que eu, mas… que exemplo, e que força tem aquelas mulheres! Lá elas vivem completamente isoladas do mundo, dedicada exclusivamente à contemplação do divino. Imersas em seus afazeres e preces assistiram-nos através de grades.
Isto é algo muito raro de se ver hoje. São moças jovens e bonitas, que poderiam estar por aí fazendo qualquer coisa que quisessem, mas abdicaram disso em função de algo que é maior que elas mesmas: sua fé! Entregaram-se por completo à sua crença. Isso é algo muito bonito de se ver e que não se vê em qualquer lugar, mas é algo que passa despercebido muitas vezes. Alguém pode dizer que essas mulheres são fracas por se entregarem assim? Não, não são. Aliás, é um absurdo pensar isso, pois estas mulheres são infinitamente mais fortes do que qualquer um de nós que esteja aqui fora… “livres”. Quem é verdadeiramente livre? Não estou aqui entrando no mérito da fé católica ou seja lá qual for, mas no de entregar-se a alguma coisa, corpo e alma. Fechar os olhos segurar à mão do outro e ir, sem reservas ou rodeios.
Recentemente, um casal de amigos meus casou-se (de fato), juntou suas trouxas e se mandou pra outro estado. Estava nos planos dela há muitos anos, plano esse que nunca havia sido posto em prática por falta de oportunidades. Depois que se conheceram (e não foi há muito), apoiados um no outro criaram coragem e tiveram força pra simplesmente ir, cara e coragem! Hoje encontram-se muito bem, obrigado, felizes, realizados e pensando nos próximos passos.
Às vezes, temos de abrir mão de algumas coisas gente, por outras coisas, outras pessoas, outras causas. Abrir concessões, deixar passar. Isso não nos torna fracos ou vulneráveis, não nos tira a liberdade ou nos tolhe de escolhas. Saber doar-se só nos engrandece e fortalece, nos faz mais humanos. Talvez por isso hoje as pessoas não saibam casar-se, não se entregam, não aceitam, não compreendem, não se rendem, não consentem...
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PS: O casal da foto, certamente não chegou até aí tentando parecerem individualmente fortes. Imagine quantas brigas, quantas concessões... (foto por Adam Cohn)
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