terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Posciência: 2010, Bem-vindo.

Chegou ao fim mais um ano e começou outro. Esse 2010 que me parecia tão distante há dez anos me chega sem muitas surpresas, pelo menos em termos musicais. A mídia continua incansável na sua busca pelo hype do momento, os jornalistas musicais ávidos cada um por descobrir “aquele artista”, que não seja só o do ano, mais que dure pelo menos mais três, para que suas apostas não sejam em vão. Foi mais um ano em vi, ouvi e li os especialistas em música pop mixarem termos do vocabulário pop e outros verbetes indecorosos para tentar classificar ou definir algum artista e/ou gênero. Synth-pop-core pop-metal-grunge, soft-samba-funk, psycho-reggae-punk, electro-bossa-noise são algumas alcunhas com as quais me deparei por aí, entre os blogs, colunas de revistas musicais e programas de televisão, sempre ladeados a adjetivos como “fofo”, “doce”, “aveludado”, “eletrificado” (este foi vulgarizado de todas as formas possíveis pelo baixo escalão da música brasileira) “açucarado”, “nervoso”, dentre outros. Algumas palavras dessas podem até nos ajudar a compreender melhor um conceito musical, afinal a Teoria dos Afetos foi que classificou algumas melodias como “festivas”, “alegres” e “tristes”, mas usadas repetidamente tornam-se um saco.
Algumas coisas que vinham acontecendo continuaram acontecendo, como MGMT, Mika, Beyoncè, Kate Perry (essa até que é legalzinha...) mas meu destaque é mesmo pra Lady Gaga. Fico impressionado como jornalistas experientes se referem à Gaga como a “nova Madonna”. Vá lá que a loira não esteja lançando discos tão bons ultimamente, mas uma carreira não se constrói com alguns disquinhos e uns clipes na MTV. É preciso ter um mínimo de conteúdo e, me desculpem os fãs da loura do século XXI, nisso ela está muito aquém mãe da Lourdes Maria. Espero que ela consiga fazer alguma coisa como “Like a prayer” ou “La isla bonita”, porque só quem tem a ganhar são seus fãs e o mundo da música pop.
Com o lançamento da biografia de John Lennon e todas as matérias que ela rendeu e o relançamento do catálogo dos Beatles remasterizado, tive (mos) a confirmação de que não há como ninguém superá-los, não importa quantos hypes apareçam. A música pop é igual à economia do Brasil: quem a movimenta são os idosos. Graças a Deus ainda estão excursionando nomes como Paul McCartney, Bowie, AC/DC, Sonic Youth e Twisted Sister. Os tão criticados supergrupos formados por veteranos do pop, sejamos razoáveis, deixam pra trás 90% dos grupelhos que surgem por aí. Chickenfoot e Them Crooked Vultures são porrada da boa, feita por quem entende do riscado.
Como era de se esperar, o Skank fez mais uma turnê impecável, baseada no disco “Estandarte”, o Vanguart continua melhorando e surgiu, sim, uma banda nota dez: a Pública, que cunhou umas das melhores músicas do ano, “Casa Abandonada”. Qualidade pouca é bobagem.
Por falar em bobagem, o emo continua assombrando por aí. O “tecno-brega” do Djavú veio pra me mostrar que existe, sim, um grupo pior do que o Forró do Muído. O Zé Rodrix morreu, mas os pagodeiros mela-cueca estão aí. A Wanessa Ex-Camargo agora é uma artista madura. O Ratinho voltou com programa deprimente dele. O Ronaldo ainda é estigmatizado. Atividade paranormal é uma merda. A Sasha agora atua no cinema. O fim está próximo.
A literatura tem me atraído mais que a música. Filha, Mãe, Avó e Puta, da Gabriela Leite, Leite Derramado, do incomparável Chico Buarque, Forever Young, do Dylan (com o qual presenteei o filho da minha namorada) e a já citada biografia de Lennon foram as melhores coisas desse ano. E Avatar também. Enfim, acho que esse ano vai ter coisas boas. Se não tiver, a gente espera o próximo. Feliz 2010.

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