quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Alexandria não tem estacionamento pra carroças

Um dia desses, rodando numa rede social qualquer, encontrei uma página de um garoto que, sem exagero nenhum, não tinha uma palavra sequer grafada corretamente. Então comentei no twitter que "tenho pena dos filhos da geração internet que não tiveram livros antes da conexão banda larga..." A parte que mais me entristece da nova geração banda larga nem é a violência à "nossa língua portuguesa", mas a visão limitada que eles têm do mundo à volta e o fato de eles se sentarem diante de seus computadores com suas conexões banda larga e não conseguirem ver o vasto mundo de conhecimento que se abre diante deles. Uma vez que se aprende a garimpar informações na internet, o acesso ao conhecimento é praticamente ilimitado. Podemos encontrar todo tipo de informação. História, curiosidades, pessoas, opiniões... tudo bem na nossa frente.

Os filhos da geração banda larga com freqüência falam em "mundo pequeno", mas isso é uma loucura! O mundo nunca foi tão grande e as distâncias nunca foram tão curtas. Entendeu? Hoje temos acesso a um volume de informações monstruoso, muito maior do que houve em qualquer época, e chegar até essa informação é muito mais fácil que em qualquer época. A antiga Alexandria já não significa mais nada. Pior que dizer que "felismente meus caminhos não são tortuosos" é se reter exclusivamente a universos tão pequenos e limitadores quanto um orkut ou MSN da vida!

Quando teci meu comentário acerca daqueles que não tiveram livros antes das conexões banda larga, eu me referia a esse tipo de visão limitadora que se adquire quando isso acontece. Desde criança fui estimulado à criatividade e leitura (Mãe, MUITO obrigado!), e absorvo informações de toda sorte, e isso não começou com a internet, começou com os livros, jornais, revistas... A leitura sempre foi um costume aqui em casa. Certa vez, conversando com um amigo, ele me disse que não considerava que a leitura recreativa era determinante na formação. Eu discordo totalmente. A visão de mundo de quem tem a oportunidade de lidar com grandes livros, grandes leituras, de qualquer tipo, seja Campbell ou Nabokov, seja Nietzsche ou Wilde, Hawking ou Brasil é completamente diferente de quem não viu nada disso. Quem leu essas coisas (ou outras) sabe que o mundo é enorme, que é impossível abraçá-lo, mas não se faz de rogado e sabe também qual seu lugar nele. Quem lê ou leu, vê na banda larga um mundo vasto a perder de vista, e quer mais é explorar. Bill Gates sabe das coisas e há anos disse: Meus filhos terão computadores, claro, mas antes terão livros.

Um "amigo", acrescentou ao comentário que fiz no twitter que "o cara não consegue ler livros, não vê nada de interessante em livros, mas também não sabe usar a internet. Só a usa pra olhar o orkut". E a esse amigo respondi que aquele tipo de coisa me irritava muito, e comparei esse tipo de gente aos burros de carga, que só têm visão periférica e essa mesmo é tapada por seu mestre. Qual o tamanho do mundo de alguém que faz esse uso de uma ferramenta tão incrível quanto a internet? Claro, pra que eu quereria um computador? Instant messaging? orkut? Não! Eu quero meus computadores e internet pra ir longe. Alexandria está aí, dentro da sua casa, nem vou pedir para que você faça bom uso. Pelo menos faça uso!

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